O governo está sob pressão, entre a direita e a extrema-direita, que pedem uma linha dura, e os que querem medidas de apaziguamento. Dois sindicatos da polícia, entre eles o majoritário Alliance, pediram, em um duro comunicado, o “combate” às “hordas selvagens” que protagonizam os distúrbios e alertaram o governo que “vão entrar em resistência” assim que a crise for superada.
Violência e atos de vandalismo foram registrados na noite de sexta, principalmente em Lyon e Marselha, segunda maior cidade da França, para onde o Ministério do Interior enviou reforços. Autoridades decretaram toque de recolher em três localidades da região de Paris e em várias outras do país.
A oposição de esquerda condenou o comunicado, que qualificou de “ameaça de sedição” e de “chamado à guerra civil”. Sem se referir ao comunicado, o ministro do Interior pediu aos agentes para “respeitar as leis e a deontologia” e destacou que a “minoria de delinquentes [dos distúrbios] não representa a imensa maioria dos moradores dos bairros pobres”.
Em uma tentativa de apaziguar a situação, a seleção francesa de futebol, capitaneada pelo craque do PSG Kylian Mbappé, pediu em um comunicado que “o tempo da violência deve parar” e dar lugar a “maneiras pacíficas e construtivas de se expressar”.
Os fatos relançaram o debate recorrente da violência policial na França, onde em 2022 treze pessoas morreram em circunstâncias similares às de Nahel, e sobre as forças de ordem, consideradas racistas por parte da população.
A ONU pediu às autoridades francesas que se ocupem seriamente dos “profundos” problemas de “racismo e discriminação racial” em suas forças de segurança, acusações que o Ministério das Relações Exteriores qualificou de “totalmente infundadas”.
Vários países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Noruega, alertaram seus cidadãos na França, pedindo que evitem as áreas de distúrbios e que aumentem as precauções.
Por Kris Couto
Fonte G1