Um novo medo foi desbloqueado, principalmente para os pais que não acompanham a vida virtual do seu filho. Um popular aplicativo de mensagens, chamado de Discord, é a nova sensação entre menores de idade, o problema é que este aplicativo está expondo crianças e adolescentes a conteúdos perturbadores e de extrema violência.
São vídeos e conversas que incentivam a automutilação, todo tipo de crueldade contra animais, e até mesmo a pedofilia. Tudo ao vivo, a partir de desafios criados por criminosos.
O aplicativo permite que as pessoas se comuniquem em transmissões ao vivo de vídeos dentro da plataforma. Tudo pode acontecer, e a menos que alguém grave, fora da plataforma, nada fica registrado.
Fotos e vídeos de pessoas ferindo o próprio corpo com lâminas bateu o recorde . No Brasil, o incentivo à automutilação é crime, mas isso existe no Discord. Em tempo real, criminosos desafiam alguém a praticar violência contra si ou contra animais, uma forma de “divertimento cruel”.
Na Região Metropolitana de São Paulo, uma garota, de 13 anos, usando uma máscara de caveira, tenta sufocar um gato da vizinhança e colocar uma faca dentro dele. O caso foi denunciado a uma veterinária e ativista pelos direitos dos animais.“Ela colocou fogo em um pedaço de papel e ateou no gatinho”, conta Daniela Souza, veterinária.
A casa toda pegou fogo. A própria garota registrou a presença dos Bombeiros, e, em uma postagem, disse: “Botei fogo na casa. Daora”. Dezesseis mil pessoas faziam parte da comunidade onde a cena foi transmitida.Em outro vídeo, com uma lâmina, outra jovem escreve o nome do servidor. Durante essas interações – que se tornam sessões de tortura psicológica -, os agressores se sentem protegidos pelo anonimato e se tornam cada vez mais cruéis.
A gente tem visto uma escalada, não só do número de denúncias de violência, de conteúdo extremista na internet, mas também uma escalada do nível de crueldade e sadismo, muitas vezes, desse conteúdo. A fiscalização ou digamos o controle disso é muito precário”, afirma Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil.
Nos Estados Unidos, o Discord já vem sendo questionado na Justiça. A plataforma está sendo processada, junto com outros aplicativos, pela família de uma menina que, aos 11 anos, foi vítima de exploração sexual nas redes e tentou se suicidar. O escritório que a representa defende vítimas de crimes nas redes sociais.
Por Kris Couto
Fonte G1