As fotografias de yanomamis desnutridos que circulam desde o fim de semana dão conta de apenas parte da crise humanitária vivida pelos indígenas, afirma a Associação Brasileira de Antropologia.
Em nota elaborada nesta terça-feira (24), a entidade diz que faltam informações a respeito da extensão do problema e sobre os povos que habitam a Terra Indígena Yanomami e Ye’kuana em condição de isolamento voluntário. O documento, que é subscrito pela Associação Brasileira de Ciência Política, pela Sociedade Brasileira de Sociologia e pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, pede ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que adote, para além de ações emergenciais, medidas de médio e longo prazo que assegurem a estabilidade territorial e sanitária dos yanomamis.
“A retirada dos invasores, o atendimento à saúde e a segurança alimentar são ações urgentes”, destaca a associação formada por antropólogos, que também se coloca à disposição do governo federal para colaborar com as ações empreendidas em prol dos indígenas. A entidade celebra a criação de um comitê de nacional para o enfrentamento à desassistência sanitária das populações que vivem no território e a abertura de um inquérito policial para investigar o caso, mas diz ser necessário que toda a população se solidarize com a situação.
“Todas as medidas governamentais são urgentes e indispensáveis, inclusive a descontaminação de rios e solo, envenenados pelo mercúrio garimpeiro. Mas também é urgente e indispensável que a sociedade brasileira esteja informada e mobilizada para a defesa da vida e de todos os direitos dos povos originários”, diz.
Segundo a Associação Brasileira de Antropologia, episódios de violência e conflitos com garimpeiros persistem há décadas sobre o território yanomami, mas se intensificaram “de forma brutal” sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Região com 30 mil habitantes em Roraima, a Terra Indígena Yanomami vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.
Por Kris Couto
Fonte Bahia Notícia