Após a tragédia ocorrida no último sábado, 8, que resultou na morte de dez pessoas com o desplacamento de uma rocha em Capitólio, Minas Gerais, foram feitos inúmeros questionamentos entre especialistas sobre os cuidados a serem tomados com passeios turísticos em ambientes rochosos.
Na Bahia, o cânion do Rio Sergi, próximo de Santo Amaro, e o município do Lapão, são classificados como locais de risco por conta das condições naturais.”São locais que necessitam ser mapeados para delimitar as áreas de risco potenciais”, alega a pesquisadora em geociências Maria Angélica Barreto Ramos.
A pesquisadora está desde 2018 à frente da Divisão de Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Já o Professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o geólogo Ricardo Fraga Pereira disse que, entre os cenários de risco geológico na Bahia, merecem atenção os terrenos cársticos, formados pela dissolução das rochas no subsolo.
Nesses locais, segundo Ricardo, há o risco de colapso do terreno, tal como observado no município de Lapão. O professor do Instituto de Geociências da Ufba aponta que, na Bahia, esses terrenos podem ser parte de uma área de até 20% do território do estado. “No caso de Lapão, há o risco geológico relacionado com a ocupação dos terrenos cársticos. Esses terrenos são formados pela dissolução das rochas em subsuperfície, abrindo vazios no maciço rochoso, que são as cavernas. São terrenos dotados de uma dinâmica muita delicada, onde a ocupação desordenada pode desengatilhar colapsos do terreno.
A questão é que essas rochas continuam em intemperismo e erosão, o que pode gerar o desplacamento. A outra preocupação dos geólogos é o cânion do rio Sergi, próximo de Santo Amaro. “Entre locais de visitação turística no estado, um local que merece atenção é o Canyon do Rio Sergi, em Santo Amaro, que conta com visitantes de Feira de Santana e Região Metropolitana de Salvador, está instalado em arenitos e com risco iminente de queda de blocos, por desplacamentos.
Cabe lembrar que, no ano passado, uma família de viajantes faleceu pela queda de blocos nas falésias de Pipa, no Rio Grande do Norte. Locais de natureza e que contam com visitantes, devem sempre considerar a avaliação e monitoramento do risco geológico.
Por Kris Couto
Fonte Atarde