A política de “Covid zero” na China começou a dar sinais de exaustão depois de mais de dois anos de sucesso. A variante ômicron chegou e o país passou a registrar números de infecções diárias na casa dos milhares pela primeira vez desde 2020 e já mantém quase 40 milhões de pessoas em lockdown em várias cidades.
Segundo a Folha de São Paulo, em Xangai, onde vazamentos de um hospital de quarentena teriam sido responsáveis por fazer o vírus voltar a circular, centenas de condomínios foram trancados após a cidade registrar mais de 700 casos desde o início do mês. A intenção inicial era ganhar tempo para testagens em massa, mas a tarefa que deveria terminar em dois dias deve se estender por ao menos cinco.
Escolas voltaram para o regime EAD e trabalhadores não essenciais estão sendo incentivados a ficar em casa. Nas redes sociais multiplicam-se as fotos de voluntários da força-tarefa contra a epidemia dormindo absolutamente exaustos em sofás. A administração da cidade disse estar em “modo de guerra” contra o vírus, “no pior momento desde 2020”.
Em Shenzhen, no sul da China, 17 milhões de pessoas estão confinadas. A situação preocupa empresas de tecnologia, já que as fábricas responsáveis pela montagem de eletrônicos para marcas como Apple e Samsung estão na cidade.
Changchun, perto da fronteira com a Coreia do Norte, concentra o surto mais grave, com milhares de casos registrados diariamente: A cidade concluiu a construção de um enorme hospital de campanha, preparado para receber mais de 1.500 pacientes com Covid, além de 700 leitos para isolamento. Instalações do tipo não eram vistas desde o surto em Wuhan. Todos os 9 milhões de habitantes foram colocados em lockdown. A Toyota, que tem uma planta na cidade, suspendeu a produção.
Ainda não há planos de um fechamento nacional, dado o impacto da medida para a economia. O governo, porém, não parece disposto a abrir mão da política de “Covid zero” e cobrou de autoridades provinciais um trabalho mais eficiente na contenção da doença.
Por Kris Couto