A flexibilização do uso de máscaras em ambientes fechados na Bahia, anunciada pelo governador Rui Costa (PT) nesta segunda-feira (11), tem gerado divergências entre médicos infectologistas.
Enquanto alguns especialistas consideram o momento da pandemia da Covid-19 oportuno para a medida, outros a veem como precipitada.“Nós já temos dados suficientes do ponto de vista epidemiológico: o fator RT que já vem baixo há muito tempo; a média móvel de casos que continua caindo; o percentual baixo de internados.
Este cenário já nos permite avançar em relação a isso. Além disso, a experiência de outros estados e cidades nos mostrou que os números da pandemia, nestes locais, continuaram em queda”, avalia o infectologista Robson Reis.
Apesar de considerar a ocasião adequada para a liberação, o médico ainda lembra que “desobrigar não significa não recomendar” e que “ainda não é o fim da pandemia”. Ele orienta que pacientes de grupo de risco (portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, asma, doença pulmonar, fumantes, idosos, gestantes, imunossuprimidos) permaneçam mantendo cautela em espaços fechados.
A médica infectologista Aline Abreu, por outro lado, defende que o uso de máscaras seja ainda mantido por toda a população. “Acho [o decreto] precipitado. Houve uma desaceleração da vacinação, as pessoas não estão tomando as doses subsequentes. Nessa última onda, muitos pacientes estavam dizendo que tomaram vacina e tiveram sintomas leves, sobreviveram, mas o vírus vai sofrer mutação, vão aparecer novas variantes.
Então, tem que ter o esquema vacinal completo. Por enquanto, não aconselho a ficar sem máscara”, opinou.Segundo Aline, flexibilizações são inevitáveis, mas a nova decisão estadual poderá estimular a imprudência em relação à pandemia, o que pode levar a um novo aumento de casos. “É impossível viver 100% de máscara, a gente precisa sair, confraternizar, então a gente flexibiliza.
As pessoas já não estão usando, mas dizer que não precisa faz com que quem já não usa, não use mais de jeito nenhum, e quem usa, passe a não usar”, diz.
O novo decreto, válido a partir desta terça-feira (12), ocorre pouco mais de dois meses antes das festas de São João, autorizadas também nesta segunda (11), pelo governo da Bahia.
Por provocar aglomerações, o período poderá trazer, junto às flexibilizações, possíveis consequências. Embora alguns especialistas considerem “irrisórias”, outros classificam como “preocupantes”.
Por Kris Couto