Na cidade de Madre de Deus, a emissora de rádio, Madrefm 87,9, entregou nesta semana kits de absorventes, para as alunas da rede pública municipal de ensino. Mais de 100 meninas foram beneficiadas pelo Programa de Saúde Menstrual desenvolvido pela equipe da rádio local. Vale lembrar que, 28 de maio é o Dia Internacional da Dignidade Menstrual.
O programa, em parceria com a sociedade civil, tem o objetivo de buscar amparar as alunas que não dispõem de condições de acesso a este item básico de higiene. Em suas redes sociais a emissora tornou publico o edital do seu programa de saúde menstrual, e o cadastro foi realizado em sua sede.
Para a Assistente Social Aparecida Coutinho, existe um momento crítico na vida destas jovens, que é a ausência das meninas nas escolas durante o período menstrual, que afeta seu rendimento escolar, por não ter absorventes, elas são obrigadas a ficar em casa:
“Existe um conjunto de fatores que infelizmente prejudicam nossas jovens, a falta de recursos básicos como absorventes, um banheiro sem condições mínimas de higiene, a falta de informação atrelada ao tabu, vergonha, tudo isso vai impactando de forma negativa, o desenvolvimento intelectual das adolescentes e meninas que todo mês deixam de frequentar a escola”, afirmou Aparecida.
“As jovens em ciclo menstrual, perdem aulas, prejudicando o seu aprendizado, medidas devem ser tomadas pelo poder público, para esta questão que envolve educação e saúde” completou a Assistente Social.
Embora a ONU (Organização das Nações Unidas) considere o acesso à higiene menstrual um direito, que deve ser tratado como uma questão de saúde pública, porém não é isso que ocorre na prática. Em pesquisa divulgada pela Unicef, 25% das alunas das escolas públicas no Brasil deixam de frequentar a escola por esta razão.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é a agência de desenvolvimento internacional da ONU, que trata de questões populacionais. Para a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant “A menstruação é uma condição perfeitamente natural que deve ser mais seriamente encarada pelo poder público e pelas políticas de saúde. Quando não permitimos que uma menina possa passar por esse período de forma adequada, estamos violando sua dignidade”, explicou Astrid.
Ainda de acordo com a Representante da UNFPA “é urgente discutir meios de garantir a saúde menstrual, com a construção de políticas públicas eficazes, com a distribuição gratuita de absorventes”, afirmou Astrid.
Existem relatórios que traçam um panorama alarmante da realidade menstrual vivida por meninas brasileiras.
Para a direção da rádio este primeiro momento do projeto Saúde Menstrual foi muito gratificante, distribuir gratuitamente absorventes a mais de 100 alunas e novas parcerias estão sendo feitas a fim de beneficiar ainda mais as jovens do município.
O município de Madre de Deus ainda não dispõe de Lei municipal para atender este direito social, mesmo amparado por Lei Federal e Estadual. Cidades vizinhas, a exemplo de Candeias, já dispõem deste atendimento.
Por Kris Couto