Enterococcus resistentes à vancomicina. Essa bactéria, altamente adaptada ao ambiente hospitalar, já se encontra em Salvador e segue preocupando especialistas por conta da dificuldade em seu combate. Segundo a nota técnica divulgada pelo Núcleo Estadual de Controle de Infecção Hospitalar, da secretaria de saúde da Bahia (Sesab), três hospitais de Salvador já tiveram casos entre janeiro e março de 2022.
Os hábitos durante a pandemia da Covid-19 podem ter sido preponderantes na disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos nos serviços de saúde. Elas podem sobreviver em superfícies inanimadas por longos períodos. Já, em seres humanos e em outros animais, compõem a microbiota dos tratos gastrintestinal e geniturinário, além da cavidade oral, segundo a Sesab.
“Aumento no número e no tempo de hospitalização dos pacientes com Covid-19; pacientes graves com uso prolongado de dispositivos invasivos e assistência intensiva; redução do número de profissionais de saúde e aumento da carga de trabalho; dificuldades para implementação de medidas de prevenção e controle de infecções (falta de recursos humanos, escassez e uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, etc.); utilização excessiva e empírica de antimicrobianos de amplo espectro, em larga escala, para tratamento de infecções secundárias, fúngicas ou bacterianas”, pontuam.
A infectologista Clarissa Cerqueira apontou que, na Bahia, a frequência da bactéria era reduzida. “O enterococo pode colonizar o trato intestinal, geralmente as pessoas já tem no intestino. Essa bactéria já é resistente a alguns antibióticos. Com certeza, estamos vendo mais resistência na comunidade por conta disso. As pessoas passaram a usar muito antibiótico, as pessoas já têm essa bactéria em geral”, explicou ao BN.
“Existe, só que a gente considera em pacientes hospitalizados. A resistência no ambiente hospitalar que temos que proteger. Ele pode ser mais danoso para pessoas que tenham acesso central, que esteja intubado, para pacientes hospitalizados é um perigo maior. Para a comunidade não isolamos, não precisa deixar isolado. Mas no hospital precisa. Um profissional que não faz precaução de forma adequada, o paciente está com acesso. Aumenta tempo de internação, morbidade e mortalidade”, comentou.
Por Kris Couto