Em um vídeo enviado ao G1 Bahia, baiana de acarajé relata as dificuldades e as condições precárias em estar morando há oito meses em um ginásio poliesportivo da cidade de Madre de Deus, na Região Metropolitana de salvador. No vídeo de um minuto e meio é possível ver que as famílias também, passam por dificuldades em relação à estrutura do abrigo, quando chove forte, há alagamentos por o todo local.
As imagens feitas pela moradora Liliane Rodrigues dos Santos, que convive no espaço com mais três baianas de acarajé e oito famílias de ambulantes, todos eles ficaram sem trabalhar, por causa do isolamento social causado pela pandemia do coronavírus. “Todos nós fomos prejudicados por causa dessa pandemia. Muitos vendiam na praia e na orla de Madre de Deus, mas teve um momento em que foi tudo fechado” disse em entrevista ao G1. Segundo a baiana, inicialmente foi feita uma manifestação em frente à prefeitura do município, em junho de 2020. No entanto, as famílias não tiveram o retorno esperado. Com isso, decidiram ocupar um terreno da prefeitura no mês seguinte. “Chegando lá, alguns começaram a fazer seus barracos, mas como estava em um tempo chuvoso, o ex-prefeito resolveu tirar a gente de lá e colocar em outro lugar, por causa das crianças. Aqui tem muita criança”, afirmou.
Ainda segundo Liliane, o terreno que foi ocupado pelas famílias não tinha estrutura. Não tinha água, nem luz e, por causa disso, elas foram transferidas para o ginásio poliesportivo da região, onde estão até hoje. Assim que se mudaram para o ginásio, uma equipe de assistência social foi ao local para fazer o cadastro das famílias e a doação de cesta básica. Porém, a baiana de acarajé conta que, depois disso, as famílias não tiveram nenhum tipo de assistência dos órgãos públicos. “A prefeitura, o poder publico, precisa olhar para essa população que hoje vive em um estado de carência”, aqui alaga tudo, tem cocô de pombo, as telhas suspendem quando venta forte e molha tudo. Muitos já perderam geladeira, porque toda hora a energia cai, a noite mesmo, tem um momento que fica tudo escuro”, relatou Liliane, que também afirmou se sentirem esquecidas pelo poder público do município.
Procurada pelo G1, a prefeitura de Madre de Deus informou que a decisão de encaminhar as famílias para o ginásio foi gestão anterior. Disse ainda que “um levantamento e cadastramento das famílias que se encontram no local está sendo feito. Caso elas comprovem que são residentes do município, serão amparadas, como de direito, ao Aluguel Social, e a outros programas de complementação de renda”. O G1 também tentou falar por telefone e mensagens com o ex-prefeito da cidade, Jailton Polícia (PTB), mas não obteve resposta.
As baianas de acarajé contaram que, sem providências do poder público, acabou recebendo cestas básicas doadas pela Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam).De acordo com a Abam, existem cerca de oito mil baianas em todo o estado. A fim de ajudar, a entidade já distribuiu cerca de três mil cestas básicas para profissionais de Salvador, Lauro de Freitas, Dias D’Ávila, Madre Deus, Feira de Santana, Itaparica, Camaçari e Porto Seguro. Apesar de algumas já terem voltado à trabalhar, outras ainda não puderam retomar à rotina de vendas, por serem do grupo de risco, como tabuleiro de acarajé é o único meio de renda, estão passando por necessidades.
Por Kris Couto
Fonte G1 Bahia
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